Um passeio até à fronteira

Tudo estava preparado desde o dia anterior. O farnel preparado pelo restaurante do nosso hotel iria aguentar os nossos estômagos ao longo do dia, já que comida preparada daquela para ocidental comer nem vê-la. Somente pequenos restaurantes cuja a ementa nos é estranha e a higiene deixa muito a desejar. Enfim, fomos precavidos. Ah, a bela da Super Bock sempre bem geladinha na mala térmica.
A manhã começou mal, a viatura escolhida para a viagem foi vandalizada na madrugada anterior, com os vidros frontal e traseiro partidos. Após um atraso de uma hora e meia, lá arranjamos outra para o efeito.
Pelo caminho fomos vendo as populações de fato domingueiro em direcção ou provenientes da missa. É uma boa altura de vestirem tais roupas. Lembra-me Portugal há umas dezenas de anos atrás.
A estrada é do melhor que há em Timor-Leste, no entanto não deixam de haver aluimentos de terrenos, estrada cortada pela enxurrada e buracos e lombas súbitas. A paisagem é fantástica, sobretudo nesta altura do ano em que tudo está muito verde. De Dili até à fronteira são à volta de 120 Km e ela 2 horas e meia sem paragens.
Existem baías lindas à espera que sejam construídos resorts, prontos para trazerem as divisas que tanto Timor precisa e o emprego aos timorenses.
Existem umas construções estranhas no meio da lama alagada diariamente pelas correntes de maré do oceano que tanto nos intrigou e que aqui mostro numa imagem. Tais construções são “fazedores de sal” em muito pequenas porções numa técnica artesanal e ancestral.
Dois fortes portugueses de pequeno tamanho são vistos pelo caminho, um em Maubara (nas fotos) e um outro junto da fronteira em Batugade. Que locais fantásticos para se fazer algo turístico. O de Maubara tem dois canhões que miram o Estreito de Ombar (que separa a ilha de Timor e a ilha de Alor, Indonésia), um tem o brasão com as armas portuguesas.
Entre Liquiçá e Atabae, existe uma ribeira enorme (a de Lois) com uns 500 metros de largura e que nesta altura do ano deveria estar a transbordar de água. O que se passa é que devido às mudanças climáticas, este ano muito em particular tem sido de estrema seca em Timor-Leste e vêm-se muitos campos de arroz completamente secos, servido somente para o pasto do gado. Sabendo que o arroz é a base
alimentar desta gente, logo é fácil de prever os problemas que irão surgir dentro de muito pouco tempo ou talvez mesmo já se estejam a sentir.
Na margem esquerda desta ribeira existe uma comporta de dá acesso a um canal que permite que os campos de arroz ali perto existentes se inundem. É incrível ver-se que a água a correr nessa ribeira esta a ser desperdiçada para o oceano, não havendo até agora qualquer obra de modo a conduzir essa preciosa água até às ditas comportas. Deixando assim aquela comunidade de camponeses “morrerem” à fome por falta de arroz. Enfim, há tanta coisa a correr mal em Timor-Leste e esta é uma delas.
Deixo aqui uma série de fotos que ilustram este meu passeio que aconselho a todos quantos visitarem Timor-Leste.
