Organização tradicional Timorense
"5. Organização tradicional Timorense
Os Reinos
Hélio Augusto Esteves Felgas na obra Timor Português, na parte destinada à organização político-social, escreveu:
«A ilha de Timor dividia-se em uma série avultada de reinos ou regulados, todos mais ou menos independentes entre si. Parece, no entanto, que os 46 reinos da parte oriental da ilha – província dos Belos chamada, e que correspondia aproximadamente ao actual território português mais a região de Atambua, agora indonésia – reconheciam o predomínio do regulo de Behale. E, por seu lado, os 16 reinos da parte Ocidental – denominada província do Servião – suportavam a supremacia do régulo de Senobai que usava o título de imperador.
O Behale nos Belos e o Senobai no Servião , eram portanto, os grandes potentados de uma ilha toda retalhada em reinos que teimavam em manter entre si uma feroz independência. Cada um destes regulados era governado por um “Liurai”, a quem os portugueses chamaram primeiro rei e mais tarde régulo, e incluía um certo número de “ sucos” cada um deles formado por um dado número de povoações. Tanto o “Liurai” como o chefe de suco eram “Dató”, isto é, príncipes, podendo sê-lo também algum chefe de povoação. Os “Dató” formavam uma classe aparte, a da nobreza, e diziam-se senhores da terra, a eles pagando o povo um imposto – o “rai-ten” – que servia de licença para cultivar dado trato.»
Como se pode ler, os reinos supra citados tinham uma certa organização, e se não eram regidos por leis escritas, possuíam estes modos de governação tão grande importância que ainda hoje, passados tantos séculos, se mantêm mais ou menos inalterados.
A Hierarquia
A hierarquia local compreende os reinos com suas jurisdições e datós que, por seu turno, se dividem em sucos, e estes em aldeias, leo, lissa, ou ili, conforme os dialetos. O régulo, em geral, é o senhor da jurisdição mais poderosa. O dató ou cabeça do reino ("nai ulum" em tétum, e "arangarem" em galóli) é o representante do seu suco, da sua povoação, e recebe do major da casa militar do régulo, considerado o chefe principal de todos os sucos do reino, as ordens do liurai (régulo), para ele ou para a sua povoação. O chefe da outra jurisdição deve obediência ao régulo, embora seja um régulo dentro do seu dató.
As casas Militares
Deve-se ao Governador Afonso de Castro que governou a ilha de 1859 a 1863, a criação da divisão dos reinos em distritos e a atribuição da responsabilidade pelo acatamento das ordens do Governo aos próprios chefes indígenas. A autêntica hierarquia militar existente, dentro das estruturas gentílicas, fora aperfeiçoada e fixada pelo Governador Manuel Sotto Mayor em 1712, com a atribuição de postos de comando, similares ao das tropas regulares.
" A casa militar do régulo está rigorosamente hierarquizada e compõe-se de um coronel regente, um tenente-coronel, um major, um capitão, um tenente e um alferes. São os oficiel, como se diz em tétum. Os varões das famílias dos liurai ou aran (o régulo) e do coronel têm o título de principais. Abaixo do alferes, o povo do reino."
Estas patentes permanecem até aos nossos dias e constituem uma das expressões da peculiar colonização de Timor. A defesa da soberania nacional, o respeito pelos símbolos da nação, designadamente, pela Bandeira, a não submissão ao invasor japonês durante a 2ª Guerra Mundial, a resistência ao ocupante indonésio a partir de 1975, decorrem, para além do espírito guerreiro do povo timorense, da ancestral e inequívoca hierarquia de comando."
Os Reinos
Hélio Augusto Esteves Felgas na obra Timor Português, na parte destinada à organização político-social, escreveu:
«A ilha de Timor dividia-se em uma série avultada de reinos ou regulados, todos mais ou menos independentes entre si. Parece, no entanto, que os 46 reinos da parte oriental da ilha – província dos Belos chamada, e que correspondia aproximadamente ao actual território português mais a região de Atambua, agora indonésia – reconheciam o predomínio do regulo de Behale. E, por seu lado, os 16 reinos da parte Ocidental – denominada província do Servião – suportavam a supremacia do régulo de Senobai que usava o título de imperador.
O Behale nos Belos e o Senobai no Servião , eram portanto, os grandes potentados de uma ilha toda retalhada em reinos que teimavam em manter entre si uma feroz independência. Cada um destes regulados era governado por um “Liurai”, a quem os portugueses chamaram primeiro rei e mais tarde régulo, e incluía um certo número de “ sucos” cada um deles formado por um dado número de povoações. Tanto o “Liurai” como o chefe de suco eram “Dató”, isto é, príncipes, podendo sê-lo também algum chefe de povoação. Os “Dató” formavam uma classe aparte, a da nobreza, e diziam-se senhores da terra, a eles pagando o povo um imposto – o “rai-ten” – que servia de licença para cultivar dado trato.»
Como se pode ler, os reinos supra citados tinham uma certa organização, e se não eram regidos por leis escritas, possuíam estes modos de governação tão grande importância que ainda hoje, passados tantos séculos, se mantêm mais ou menos inalterados.
A Hierarquia
A hierarquia local compreende os reinos com suas jurisdições e datós que, por seu turno, se dividem em sucos, e estes em aldeias, leo, lissa, ou ili, conforme os dialetos. O régulo, em geral, é o senhor da jurisdição mais poderosa. O dató ou cabeça do reino ("nai ulum" em tétum, e "arangarem" em galóli) é o representante do seu suco, da sua povoação, e recebe do major da casa militar do régulo, considerado o chefe principal de todos os sucos do reino, as ordens do liurai (régulo), para ele ou para a sua povoação. O chefe da outra jurisdição deve obediência ao régulo, embora seja um régulo dentro do seu dató.
As casas Militares
Deve-se ao Governador Afonso de Castro que governou a ilha de 1859 a 1863, a criação da divisão dos reinos em distritos e a atribuição da responsabilidade pelo acatamento das ordens do Governo aos próprios chefes indígenas. A autêntica hierarquia militar existente, dentro das estruturas gentílicas, fora aperfeiçoada e fixada pelo Governador Manuel Sotto Mayor em 1712, com a atribuição de postos de comando, similares ao das tropas regulares.
" A casa militar do régulo está rigorosamente hierarquizada e compõe-se de um coronel regente, um tenente-coronel, um major, um capitão, um tenente e um alferes. São os oficiel, como se diz em tétum. Os varões das famílias dos liurai ou aran (o régulo) e do coronel têm o título de principais. Abaixo do alferes, o povo do reino."
Estas patentes permanecem até aos nossos dias e constituem uma das expressões da peculiar colonização de Timor. A defesa da soberania nacional, o respeito pelos símbolos da nação, designadamente, pela Bandeira, a não submissão ao invasor japonês durante a 2ª Guerra Mundial, a resistência ao ocupante indonésio a partir de 1975, decorrem, para além do espírito guerreiro do povo timorense, da ancestral e inequívoca hierarquia de comando."
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