Nem tudo são rosas

Saindo daquele canto da cidade onde moro, que é junto ao mar e o mais encostado a leste (lado do Cristo-Rei), que é um verdadeiro oásis comparado com tudo o resto o que se vê pela cidade.
Pelo que os timorenses me dão a entender, a vida desenrolava-se com alguma naturalidade na cidade, permitindo um certo desenvolvimento e qualidade de vida. Desde Maio último e depois da confusão gerada pelo estalar do “conflito” entre “Lorosaes” e “Loromunos”, designação esta até então inexistente uma vez que Lorosae são todos os habitantes deste lado da ilha de Timor (Timor-Leste), o país e principalmente a cidade de Dili caiu numa espiral de violência que levou à destruição parcial desta. Os chamados "Lorosae" a quem as casas na sua maioria pertencia, começaram a concentrar-se em campos em Dili e na sua periferia, como por exemplo em
Metinaro e em Hera, estando assim mais protegidos dos outros.
Os chamados “Lorosae” são timorenses provenientes da parte leste de Timor-Leste, que por sinal foram aqueles “que mais contribuíram” em favor da resistência contra a ocupação indonésia. Um observador mais atento e tentando ser o mais imparcial possível, depressa verifica que os habitantes da parte oeste tinha muito menos hipóteses de resistir, uma vez que este território faz fronteira com o Timor indonésio e portanto muito mais ocupado por estes.
Daquilo que dá para perceber, a violência é gerada por grupos de “artes marciais” que existem espalhados pela cidade em torno de ginásios e que formam verdadeiros gangs com bastante influência na sociedade timorense. Disseram-me que estes grupos foram formados pelos indonésios de modo a manter a juventude timorense da altura ocupada e preparados para combater a guerrilha timorense, mas a verdade é que ela repercute-se até à actualidade.
Temos que ver esta sociedade de um ponto de vista não europeu. Apesar da forte influência portuguesa e cristã, esta sociedade tem muito de si própria e só assim se explica a resistência às sucessivas ocupações sentidas com o passar dos séculos. Os portugueses, os japoneses, os indonésios e já se fala nos australianos.
Existem relatos de extrema violência contada por portugueses em que cabeças decepadas eram o prato forte e o canibalismo uma realidade. O que mantinha os opressores em constante alerta e pânico. Isto pode ser uma explicação do porquê desta tendência para a violência, inexplicável aos nossos olhos.
É mais do que evidente que existe uma fonte de instabilidade bem localizada, que consiste no interesse que Timor-Leste suscita na comunidade internacional. Costumo ouvir que não existe pior sina, do que um país ser pobre e com muitos recursos naturais. Em situações destas, as facções e partidos são facilmente manipuláveis pelos lobbies instalados no mundo cruel dos vários interesses nacionais.
Neste momento está-se a assistir (ou assistiu-se) na cena internacional à concessão dos campos petrolíferos, ouvem-se proporções na distribuição dos lucros de 90% para os prospectores e 10% para o estado timorense. Se tivermos em conta que em todo o lado existe corrupção, depressa percebemos que montante proveniente desta riqueza vai ser investido no bem-estar dos timorenses e no progresso do país.
Dizem que a última crise deve a sua origem ao facto do ex-primeiro ministro ter-se virado para outros países nomeadamente do golfo pérsico em busca de números mais bem simpáticos para a nação timorense, tendo sido parado por quem tem mais influência sobre este país, e que por sinal têm vindo a ser gradualmente mal vistos por parte da sociedade civil, sem esquecer as tricas que este político teve com a igreja. E deste assunto, que é pura conversa de rua aqui em Dili não vou falar mais nada.
4 Comments:
Thank you.
I have more photos already prepared, but i'm waiting for the best opportunity.
Tomorrow I'll climb Ramelau, the highest mountain in the island with 2960 meters. I'll take pictures.
Notas de culinária
Enquanto que os timorenses com os seus instintos canibalescos se comem uns aos outros, as grandes potências hão-de ficar com o petróleo, e em troca hão-de fornecer palitos aos vencedores para se irem entretendo a palitar os dentes.
Conta-se que para aí numa ilha desses mares longínquos, foi parar um
missionário com a nobre tarefa de envangelhizar os nativos, que por sinal e à semelhança de muitas outras ilhas eram canibais. Os nativos comiam os seus inimigos com o fim de lhes ficarem com o poder.
O missionário consegui convencer os nativos do poder de Deus, e que ele era o Seu representante na terra.
Em face de tanto poder, comeram o missonário com o fim de ficarem com o poder de Deus.
Moral da história: em terra de canibais, cuidado com que se apregoa.
"Nem tudo são rosas"
É bem verdade!
Mas será preciso haver rosas em todos os jardins?
Não haverão outras flores igualmente lindas e perfumadas?!
Há tantas maneiras de ver o Mundo!
:)
Vou tentar acompanhar esta missao, mas estou a entrar neste esquema de blog, vamos ver se consigo Xavier
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